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As mulheres na agricultura familiar: a importância da igualdade de gênero no campo 

1 de março de 2023

Detentora de um papel central na produção de alimentos e na segurança alimentar global, a agricultura familiar é uma atividade responsável por cerca de 70% da produção mundial de alimentos e emprega mais de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. Normalmente, quem depende da renda vive em áreas rurais, onde a agricultura é a principal fonte de subsistência. E, nesse contexto, as mulheres desempenham um papel vital.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, as mulheres são responsáveis por mais de um quarto das propriedades rurais no Brasil, e a maioria delas está envolvida em atividades relacionadas à produção de alimentos, como cultivo de hortaliças, frutas e criação de animais. Além disso, exercem uma variedade de tarefas, desde o plantio, colheita, até o cuidado dos animais e da família como um todo.

As mulheres também são as principais produtoras de alimentos em muitas partes do mundo, o que significa que a segurança alimentar de suas comunidades depende, em grande parte, de seu trabalho.

Desafios da igualdade de gênero

No entanto, apesar de sua importância para a produção de alimentos, a participação feminina nessa área é, frequentemente, limitada por desigualdades de gênero que impedem o seu desenvolvimento pleno. Em todo o mundo, não só no Brasil, essas mulheres enfrentam diversos desafios que limitam seu potencial na agricultura familiar.

Um exemplo disso é o fato de que elas têm menos acesso a recursos como terra, crédito e tecnologia, além de haver uma falta de valorização de seu trabalho de forma geral. Frequentemente, as mulheres também enfrentam situações de discriminação de gênero e barreiras culturais que as impedem de desempenhar um papel mais ativo na tomada de decisões e na gestão da propriedade rural.

Como se não bastasse, muitas mulheres rurais também sofrem com a dupla ou até tripla jornada de trabalho, tendo que conciliar as atividades na produção de alimentos com as tarefas domésticas e cuidado com os filhos e idosos da família.

Mulheres rurais unidas

Apesar desses desafios, as mulheres na agricultura familiar estão se organizando e trabalhando juntas para enfrentá-los. Associações e cooperativas geridas por mulheres rurais, por exemplo, estão se tornando cada vez mais comuns. Essas cooperativas permitem que as mulheres acessem recursos e se apoiem em suas atividades agrícolas e empresariais.

Além disso, muitas organizações estão trabalhando para melhorar o acesso das mulheres a recursos e tecnologia, bem como para promover sua participação na tomada de decisões em nível local e nacional. Essas iniciativas incluem programas de formação, financiamento e mentoria para mulheres na agricultura, bem como políticas e leis que promovem a igualdade de gênero.

É imprescindível que sejam criadas políticas públicas que promovam a igualdade de gênero na agricultura familiar e garantam o acesso das mulheres aos recursos e tecnologias necessários para a produção de alimentos. Além disso, são necessárias ações de sensibilização e conscientização sobre a importância do trabalho das mulheres na agricultura, reconhecendo e valorizando seu papel na segurança alimentar.

Iniciativas de fortalecimento

Um exemplo de iniciativa que contribui para a promoção da igualdade de gênero na agricultura familiar é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que oferece linhas de crédito específicas para as mulheres agricultoras. Além disso, existem organizações da sociedade civil, como a Articulação Nacional de Mulheres e Agroecologia, que trabalham para promover a participação das mulheres na agricultura e garantir a valorização de seu trabalho.

A Fundação André e Lucia Maggi (FALM), a partir de uma iniciativa voltada à agricultura familiar, também apoia organizações que são geridas ou que têm forte participação de mulheres. O trabalho da FALM se dá por meio do fortalecimento e inclusão de agricultores e agricultoras familiares para que acessem mercados e canais de comercialização mais justos e inclusivos, além de incentivar melhores práticas ambientais, sociais e de gestão entre as organizações da agricultura familiar.

Por fim, sabemos que a participação das mulheres na agricultura familiar não apenas contribui para a segurança alimentar, mas também para a redução da pobreza e para o desenvolvimento local e sustentável de inúmeras comunidades. Portanto, precisamos de medidas para superar os desafios enfrentados pelas mulheres na agricultura e promover a igualdade de gênero neste setor.

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